Editorial: Por que os evangélicos não devem apoiar a candidatura presidencial de Bolsonaro?


Por Johnny Bernardo

O deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSL-RJ) é o que de pior temos na política brasileira. Não pelo o fato de ele ter origens militares – há bons militares no Brasil, que devem ser respeitados -, mas porque ele encarna um Brasil do século XIX, em que apenas uma pequena minoria da sociedade brasileira tinha liberdade e outros direitos. Apesar de ter um significativo apoio entre os jovens, o Bolsonaro não representa os ideais desta nova geração, mas aqueles ideais de dominação das minorias.

Além de machista, Bolsonaro também já deu demonstrações de que é um racista da pior espécie. Seja quando disse que não permitiria que um de seus filhos se casasse com uma negra, como quando, em palestra na Hebraica do Rio de Janeiro, ofendeu quilombolas e indígenas. O racismo é uma prática abominável, e que deve ser igualmente repudiado pelos evangélicos – principalmente pelo pentecostalismo, que em sua ampla maioria é constituído por negros, como afirma Marco Oliveira.

Também é preocupante o fato de que o Bolsonaro é defensor de práticas de tortura, fuzilamento e desaparecimento de militantes. Em uma entrevista ao apresentador do programa “Câmera Aberta” (TV Bandeirantes), em 1999, Bolsonaro defendeu a ditadura, a necessidade de uma guerra civil no Brasil e o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, Bolsonaro foi enfático: “Sou defensor da tortura”. É difícil coadunar tais pressupostos com a mensagem pacifista do Evangelho.

Vale também ressaltar que Bolsonaro defende colocar armas nas mãos de cada cidadão brasileiro, e até mesmo fuzis nas mãos de ruralistas. É um retrocesso, principalmente quando acompanhamos os diversos massacres promovidos por jovens em escolas nos EUA. A ideia de que é necessário armar o “cidadão de bem” é um erro porque amplia mais a situação caótica da segurança pública brasileira. Bolsonaro quer uma sociedade de homicidas, de pessoas que resolvem tudo com arma em punho.

Ademais, a suposta honestidade e moralidade de Bolsonaro não corresponde com a realidade. Denúncia publicada recentemente pela Folha de São Paulo revelou que Bolsonaro e seus filhos têm registrado em seus nomes diversos imóveis de luxo, no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Apesar de ter um apartamento na capital federal, por mais de 20 anos Bolsonaro recebeu auxílio-moradia. Questionado por uma repórter da Folha, declarou que usava o dinheiro em hotéis, para “comer gente”.

Como um indivíduo que prega o ódio, que é racista, que usa recursos públicos indevidamente, recebe apoio de líderes evangélicos? Bolsonaro é uma farsa, um embuste que precisa ser banido dos púlpitos. Não podemos dar lugar para indivíduos que tratam a mulher como um mero objeto do homem, que deve “ganhar menos porque engravida” e que prega a submissão das minorias religiosas. Bolsonaro jamais receberia o apoio de Jesus, e igualmente deve ser repudiado pelos evangélicos. Não deem apoio.



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